vox populi

terça-feira, 23 de outubro de 2007





Nosso amor de cada dia


Quê, há amor na política? Bem, é provável, mas não é disso que quero falar. Tá certo, mas o "nosso amor de cada dia" ali em cima não deixa dúvidas de que é sobre amor esse artigo. É, é sim sobre amor, mas não aquele tipo de amor de amantes, mas o amor que temos para com o que gostamos. Oras, e não é a mesma coisa? Bem, falando assim até parece que é, mas, se você é daqueles que divide o amor, há de concordar que a espécie de amor que temos por um dever difere (talvez não em intensidade, mas em características) do tipo de amor que temos por um irmão, cônjuge ou filho. Certo, mas de que amor estamos falando, então? Aquele que sentimos quando pensamos n'O Sistema. Êpa! Alerta de ideologia! Não, não é sobre o que alguns chamam de sistema-capitalista-que-oprime-todo-mundo que falo, mas sim sobre a conjuntura da PES (política, economia e sociedade) do globo, que gosto, geralmente, de denominar de "Sistema".

Amamos o Sistema? E como amamos! Ah, sim, agora entendi. Mas e a fraternidade? Bem, ela entra na questão do nosso amor ao modo de vida que nos cerca e no que ele implica para outrem. E o que ele implica? Geralmente, amamos mais o que as instituições de nosso país (e outros países também) têm a nos oferecer do que aquilo que nosso próprio semelhante nos oferece. Explique. Ok, vou dar uns exemplos:

A) Fraternidade significa viver em harmonia com aqueles que nos rodeiam, nossos concidadãos. Fazemos isso ou, seguindo a velha "doutrina" de nossa sociedade, expurgamos de nossas ruas, bairros e cidades aqueles que são julgados menos aptos, quer seja para o trabalho, a moralidade ou a intelectualidade? Leia-se somos demasiadamente preconceituosos em relação à raça, classe social, etc.

B) Fraternidade significa contribuir para o crescimento de nossos irmãos. Não digo dar dinheiro a quem precisa, pois isso não passa de assistencialismo, mas sim fornecer oportunidades para o crescimento daqueles que carecem de ajuda. Dar a vara de pesca, não o peixe¹, parabolicamente falando. Claro que não estou condenando aqui entidades filantrópicas que tratam de certos tipos de carências sociais (doenças, fome, etc.), mas sim aqueles programas, geralmente governamentais, que destinam a dar verba em vez de emprego. Não é melhor remunerar alguém pelo fruto de seu trabalho? Afinal de conta, com isso o cidadão pode crescer no emprego, e estará livre dos vícios que uma vida ociosa e sem perspectiva proporciona.

C) Fraternidade significa se preocupar com a condição do outro. Política, a ciência cuja 3ª definição do dicionário Aurélio para ela é: "Arte de bem governar os povos." É a política, a gerência do Estado (por obrigação constitucional), juntamente com o restante da sociedade (por obrigação moral), que deveria se preocupar com a condição de vida dos cidadãos de uma nação. Isso acontece? De uma forma bastante reduzida regionalizada, sim, mas não é o bastante. É preciso mais, pois aqueles que precisam de nossa ajuda são mais, não o menos que estamos acostumados a enxergar.

E amamos a tudo isso, você diz? Exato. Olha, eu não sei quanto a você, mas eu não gosto de nada do que você disse! Gostar não é amar, mas sim aceitar. E eu digo que não aceito nada disso! Por sua vez, aceitar não é compactuar, mas ser condescendente com algo, "se fazer de cego". E eu faço isso? Involuntariamente (ou não) todos nós fazemos. Quando deixamos de lado os problemas alheios que são mais urgentes que os nossos para atender única e exclusivamente ao nosso ego, estamos aceitando o pouco que o Sistema tem a oferecer aos nossos semelhantes. Quando deixamos que aqueles que precisam fiquem sem ajuda, estamos aceitando cegamente as mazelas que nos cercam. Quando... Já entendi! Você vem com aquele discurso de que "as coisas estão ruins porquê a sociedade é ruim"! Não disse nada disso, Sociedade a gente discute às quintas-feiras. Você está isentando a sociedade de culpa, então?! Também não. O que digo é que, sim, a culpa é nossa, que temos uma condição de vida melhor e não olhamos para aqueles que estão, socialmente, "abaixo" de nós. Mas não culpo, com essa minha fala, a classe "média" ou "alta" [repare nas aspas, elas são importantes]. Veja isso:

CLASSE "ALTA"
|
CLASSE "MÉDIA"
|
CLASSE "BAIXA"

Esse é um esquema que representa as classes sociais como estamos acostumados a entendê-las, compreendeu? Claro, né?! Agora, entenda que, se a classe "alta" deve se preocupar com a "média" e com a "baixa", a "média" deve se preocupar com a "alta" e com a "baixa", que por sua vez deve se preocupar com a "média" e com a "alta". Não seria mais fácil você dizer que "todas se preocupam com todas"? Sim, mas agora eu já falei. O que você deve perceber é que não se trata de "rico tratando de pobre", mas sim de "gente tratando de gente", independentemente da classe. Todos devem se preocupar com todos. Logo, a culpa não é de uma das camadas, mas de todas elas... é isso? Sim, é isso!

Como fazemos, então, para renegar essa herança-presença d'O Sistema, das classes sociais...? Política, meu amigo. Ah, aí é que a gente vai amar a política? Santa Maria! Não! Ei, mas você não explicou essa do amor, logo não há como eu compreender! Tá certo, tá certo... vamos lá. Você ama o que está acostumado a viver, ama o Sistema em que nasceu e foi criado, pois só conhece a ele e a algumas poucas tendências de "transgredi-lo", que não funcionaram lá muito bem (não estou falando do socialismo, mas sim da filantropia, da fraternidade sem interesses escusos). O que devo fazer é deixar de amar meu "amor de cada dia"? É o que sugere? Exatamente. Esse nosso amor de cada dia, essas idéias que se arraigaram em nossa mente acerca dos menos favorecidos monetariamente, daqueles que não compartilham a mesma etnia conosco, ou a mesma crença, são um atraso gigantesco em nossa evolução tanto política quanto econômica e social (olha a PES aí de novo!), e devem ser eliminadas de nosso ideário impiedosamente.

Compreendo... só para finalizar, "O Sistema", então, nem sempre é bom? Na verdade, o Sistema não é bom nunca, bons ou não são aqueles que dele fazem parte, que o controlam, o modificam. Bons ou não são nossos governantes, somos nós, a sociedade. O Sistema não passa, na verdade, de um reflexo daquilo que nos permitimos ser.

O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio.

Jean-Paul Sartre, filósofo francês

Então, faça de si mesmo o que se espera de um homem: que não seja mais do que aquilo que pode ser, mas também não menos que a soma de sua natureza, do peso de suas obrigações para com si próprio e para com os seus.


¹ O artigo de Stephen Kanitz indicado pelo link trata brilhantemente do assunto assistencialismo e filantropia. Para a compreensão do tema é indispensável a leitura do mesmo, além da de demais textos que abranjam o tema.

Tema: Fraternidade

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Anônimo - 20:24

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